sábado, 14 de janeiro de 2012

EXPOSIÇÕES

Já participei de várias exposições de arte. Não gosto de estar nelas. Estive em duas, que me lembre. Uma em Jales, na faculdade. Compareci um ou dois dias depois de aberta. Não gostei, tinha gente que me conhecia e vieram fazendo comentários sobre os quadros. Acho indecente pessoas querendo dizer o que você sentia quando desenhava ou pintava. Querem explicar o seu quadro, porque você fez isto ou aquilo, porque usou esta ou aquela cor. A única pessoa que pode falar do quadro é o próprio autor, o resto é baboseira e isto me enoja. Estive alguns anos atrás em Batatais vendo os quadros de Portinari na igreja local. Apareceu um “expert” em Portinari. Enquanto contava a historia de sua vida, seus problemas e alegrias, tudo bem. De repente ele disse: - Essa cor azul, ele usou para indicar...... Ai não deu mais, virei-me e fui ver sozinho os demais quadros. Que os outros se embasbaquem com as conjecturas daquele infeliz. Podemos dizer do que gostamos ou não nos quadros que vemos, do todo ou em parte. Nunca adivinhar o porque dos detalhes, na vontade do artista. Por exemplo, nos quadros que contam, em quadrinhos a historia de Cristo, não achei muito legal a falta de contrastes, claro e escuro. Acho que dependendo da situação de paz, dor, alegria etc. as nuances deveriam aparecer. Mas ele que pintou, ele sabe porque assim o fez. Ou então espere que algum entendido em arte, explique o que ele pensava quando fez deste modo, e saia de lá, mais culto e com seu ego satisfeito. Não me convide.

Uma outra vez, fui ver uma exposição que fiz em Araraquara, na casa da cultura. Compareci vários dias após a abertura. Tudo tranqüilo, ninguém me conhecia e pude sossegadamente ver como estavam dispostos os quadros. A única pessoa que lá estava e me conhecia, era meu irmão, mas como ele gosta apenas de quadros de santos, não fez comentários, portanto, não me encheu o saco.

Quando escrevi um pequeno livro de poesias, o delegado de ensino de Jales sugeriu que fizesse na delegacia de ensino o lançamento do mesmo, e ele prepararia a “vernissage”. Como ele não conhecia meu modo de ver as coisas, fui educado, dei umas desculpas e me safei desta. Que se faça o lançamento sem minha presença.

Para livros, quadros ou outras manifestações de arte o que deve estar em evidencia é a obra e não o autor. Este é o menos importante. Quando o autor gosta de comparecer nas aberturas, é para abastecer o ego primitivo. Não suporto isso.

Gosto de comentários sobre o que pinto, escrevo ou penso, dizendo do que gostam ou não. Criticas pró ou contra. Não me ofende ouvir que meus quadros são horríveis, como não me sinto com o ego inchado quando os acham lindos. O que não me desce goela abaixo são adivinhações.

Esse meu modo de ver o mundo das artes não é de agora. Vem desde quando estudava na Escola de Belas Artes de Araraquara. Ouvindo as historias do professor Amendola, aprendi a detestar críticos de arte. Numa exposição na Faculdade de Filosofia em Araraquara (inicio dos anos 60) um colega de química, veio me avisar que um critico de arte de S Paulo queria falar comigo sobre os quadros expostos. Apenas disse que não estava interessado na opinião dele, a não ser se fosse para dizer, apenas, se gostou ou não gostou. Não veio resposta, ainda bem.

O mundo das artes é muito artificial, muita falsidade, enganação, bajulação e muitas frescuras. Gosto de fazer arte, as veleidades que fiquem para os demais.

depas – jan 2012

                   

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