Por várias
vezes escrevi que o homem é o único animal irracional, pois é o único que
caminha para a auto- destruição. Achei um que compactua com minhas ideias. É
esse o mundo que irão deixar para seus filhos, netos e demais e, que deixarei
para meus filhos. Segue um pequeno resumo de artigo da Carta Capital.
O METEORO SOMOS NÓS
Antonio Luiz M C Costa (jornalista e escritor)
......A detonação da primeira
bomba atômica apropriada como símbolo, um equivalente real e laico do momento
mítico no qual Adão e Eva comeram o fruto proibido. A Revolução Industrial é
ainda mais importante pelas consequências (enquanto não houver uma guerra
nuclear generalizada), mas é um processo de mais de dois séculos com o qual nos
acostumamos demais.
A questão é que o impacto humano no funcionamento do
ambiente planetário tornou-se comparável a grandes forças da natureza, como a
expansão e retração das geleiras, ou mesmo o meteorito cuja queda teria
liquidado os dinossauros. A composição da atmosfera está sendo drasticamente
modificada .... com efeitos na temperatura média do planeta, no clima e na
acidificação dos oceanos e, em breve, no nível do mar. Isótopos e compostos
químicos persistentes e inexistentes na natureza, do plutônio ao PVC,
misturam-se ao solo e à água e deixam marcas indeléveis nos sedimentos marinhos
e lacustres, nas geleiras e nas estalactites e estalagmites das cavernas.
Espécies de animais e vegetais extinguem-se a um ritmo cem a mil vezes mais
rápidos do que em tempos normais. A maioria das espécies selvagens de médio e
grande porte está hoje extinta ou aparentemente condenada. ... Não foi uma mudança de grau, mas de
qualidade, da qual nos damos conta tarde demais para reverte-la. É possível, no
máximo tentar desacelera-la, e isso se mudarem de direção os ventos direitistas
hoje prevalecentes na politica e na economia e o desenvolvimento, promoção e
difusão de tecnologias mais limpas se tornarem a prioridade máxima. ... Restam duas possibilidades. Uma é a
humanidade aprender a sustentar um ponto de equilíbrio artificial com o ambiente
terrestre, no qual seja possível sobreviver ainda que em condições muito
diferentes daquelas às quais a espécie humana se adaptou biologicamente e nas
quais construiu suas culturas e civilizações. Será um mundo mais quente, de ar
viciado, oceanos ácidos, terras habitáveis reduzidas em extensão, sem consumo
de combustíveis fósseis ou materiais não recicláveis e – o que talvez seja
ainda mais difícil de imaginar – sem crescimento econômico ou capitalismo tal
como os entendemos hoje. Não é possível a produção crescer sem fim em um mundo
finito.... A outra possibilidade é esse
equilíbrio não ser atingido e o ambiente entrar em uma espiral incontrolável de
deterioração ambiental até a vida humana se tornar impossível. Tanto pior para
a humanidade e para a maioria das espécies vivas ainda existentes, ...
Carta capital 07 de set de
2016 nº 917, pag. 44.
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